sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Henrique promete se redimir e dar a volta por cima no triatlo




Triatleta brasiliense flagrado usando substância proibida deve passar dois anos suspenso de competições, mas planeja superar o erro e retornar ao esporte


Henrique Siqueira afirmou que o doping foi motivado por uma fase em que se sentiu deprimido, devido à falta de maior apoio para se desenvolver
O triatleta brasiliense Henrique Siqueira, 26 anos, flagrado em exame antidoping durante etapa da Copa do Mundo de Triatlo, no México, promete dar a volta por cima. O esportista aguarda o resultado do julgamento, ainda sem data marcada, que definirá a punição a que será submetido, mas ainda assim faz planos para a continuação da carreira no esporte.

Em entrevista por telefone ao Correio, na quarta-feira, Henrique Siqueira se disse arrependido pelo episódio, mas afirmou que não vai desistir da ambição de representar o Brasil em uma Olimpíada. “Mesmo tendo recebido a notícia, não parei de treinar. Eu não pretendo desistir do meu sonho. Vou organizar a minha vida financeiramente para dar prosseguimento a esse desejo. Vou passar por um tempo sem poder competir, mas acredito no meu potencial e sei que daqui três anos terei condições físicas de disputar uma Olimpíada”, afirmou.

Segundo o médico do esporte e membro da comissão médica do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da Agência Mundial Antidoping (Wada), Eduardo Henrique De Rose, a pena prevista para o caso de Henrique Siqueira, que utilizou eritropoietina (EPO), é de dois anos de suspensão. “Baseado no artigo 10.2 da Wada, o atleta vai ser desqualificado dos resultados que obteve na prova em que foi encontrado dopado e terá inelegibilidade por dois anos. Em princípio, a pena dele será essa”, explica De Rose. O julgamento será realizado pela União Internacional de Triatlo.

Segundo o ex-triatleta Leandro Macedo, quando um esportista passa dois anos sem competir, é difícil que ele volte a participar de provas com o mesmo ritmo dos adversários. “Acho que ele vai superar o que aconteceu e voltar mais maduro”, analisa Macedo. A reportagem tentou conversar com patrocinadores de Henrique Siqueira, bem como com dirigentes da Confederação Brasileira de Triatlo, mas não obteve resposta para que o caso fosse comentado.

Como funciona

A EPO é um hormônio utilizado para aumentar o número de glóbulos vermelhos no sangue. A droga turbina o transporte de oxigênio no organismo e, consequentemente, melhora a resistência do atleta.

"Quando você para, não é fácil voltar. É muito difícil um atleta do nível do Henrique, terceiro melhor do país, se manter treinando, sem patrocínios, durante dois anos e voltar. Mas isso é possível”
Leandro Macedo, ex-triatleta

O retorno é possível
A pretensão do triatleta Henrique Siqueira encontra amparo na história de outros esportistas brasileiros, como no caso de Maurren Maggi, do salto em distância, Juliana Kury, da natação, Jaqueline, do vôlei, e João Derly, do judô.

Talvez seja de Maurren Maggi o exemplo mais emblemático. Às vésperas do Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, a atleta foi suspensa por dois anos pela Federação Internacional de Atletismo, após ser flagrada no exame antidoping pelo uso da substância clostebol. Na época, Maurren disse ter usado uma pomada cicatrizante para depilação e ficou fora das Olimpíadas de Atenas. Em 2008, ela deixou a suspensão para trás, atingiu o ápice da carreira e faturou a medalha de ouro em Pequim.

Opinião do internautaPelo menos ele (Henrique Siqueira) teve atitude de homem em reconhecer o seu erro. Tomara que aprenda com o erro e retorne ainda para ser campeão. Mariana Ohata fez escola em Brasília.
Francisco Silva

fonte: correioweb