sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Além de proteger, o protetor solar garante melhor desempenho. Isso você não sabia, né?



As marcas de sol nas pernas e nos braços dos ciclistas são tão registradas quanto as pernas depiladas e a pulseirinha Livestrong. A exposição ao sol faz parte da rotina de quem pedala. Menos rotineiro, porém, é o uso de protetores solares. Apesar das advertências sobre os riscos para a saúde — pedalando, nossa pele costuma ser bombardeada por uma quantidade muito grande de raios ultravioleta, cujos efeitos são as rugas precoces, as manchas no rosto e nos braços e, em último casco, o câncer de pele —, o frasco de creme ou óleo com filtro solar ainda não é encarado como item básico pelos ciclistas, nem mesmo agora, com a chegada do verão. Aliás, não apenas pelos ciclistas. Uma pesquisa divulgada pelo Centers for Disease Control (Centro de Controle de Enfermidades) revelou que apenas 30% da população mundial utiliza protetor solar regularmente. 

Mas, no caso dos atletas da bike, esse — vá lá — descuido é ainda mais preocupante, uma vez que ciclistas assíduos tendem a absorver até 20 vezes mais os raios ultravioletas ao longo da vida. Isso porque, nas estradas, geralmente não há árvores nem sombras naturais, o que praticamente o expõe ao sol o tempo todo. Daí a exigência de atenção redobrada nos passeios e competições ao ar livre.

Mas se o apelo da preocupação com a saúde não é suficiente para convencê-lo a correr com a proteção adequada, que tal pensar no assunto sob o aspecto do desempenho?. Você sabia que o atleta que fica exposto a altas temperaturas por muito tempo sofre uma considerável queda de rendimento? Segundo o dermatologista Adílson Costa, nessas condições a temperatura corporal começa a aumentar, provocando desgaste físico e uma série de sintomas. “Há possibilidade de tonturas, causadas pela desidratação, e dificuldades para respirar, além do risco de queimaduras, que geram um desconforto considerável”, adverte.

A exposição excessiva ao sol pode gerar tanto danos agudos (leia-se fotoenvelhecimento, ou aspecto envelhecido da pele nas mãos e pescoço, com manchas escuras ou claras, e o risco maior de infecções) como danos crônicos (rugas, flacidez e câncer de pele). Em 2010, na Volta de Portugal, os ciclistas responderam a um questionário elaborado pela Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC). O resultado mostrou que 78% dos atletas treinavam entre as 11 horas e às 17 horas, o chamado horário de pico do sol, e que 64% deles já haviam sofrido algum tipo de queimadura em decorrência dos treinos e competições.

O que fazer se o treinamento nesse período do dia faz parte da rotina dos atletas e andar de bicicleta pressupõe um contato muito próximo com o sol? Adílson Costa recomenda a escolha de um produto com Fator de Proteção Solar (FPS) no mínimo 30, que teoricamente multiplica por 30 a resistência ao sol da pessoa na qual ele é aplicado — ou seja, se você normalmente levaria cinco minutos para ficar com a pele avermelhada ao tomar sol, passará a levar duas horas e meia para se queimar da mesma forma, se estiver devidamente besuntado com um protetor desse tipo. “O valor do FPS se refere à defesa contra os raios UVB (mais relacionados ao câncer de pele) e contra os raios UVA, que causam envelhecimento precoce. A escolha do fator, no entanto, vai de acordo com necessidade do momento”, explica o dermatologista.


Como usar o protetor solar e outros cuidados básicos

— Aplique o protetor solar 30 minutos antes do treino ou da competição, para que a pele tenha o tempo adequado para assimilar o produto. O ideal é fazer isso antes de vestir a roupa e o capacete, protegendo, assim, as áreas que em um primeiro momento ficam cobertas, mas que podem ser expostas ao abrir o zíper da blusa, por exemplo. Mesmo assim, enfatize o uso do protetor no rosto, nos braços e nas pernas. 

— Evite banhos quentes após os pedais sob sol forte. A água morna ou fria ajuda o corpo a voltar àa normalidade e alivia a pele. A aplicação de um bom hidratante corporal pós-banho também vai bem.

— Reaplique o protetor de duas em duas horas. O suor e o aumento da temperatura da pele, em muitos tipos de cremes, forçam a remoção precoce dos fotoprotetores. Se for esse o caso, antecipe a aplicação. Várias marcas já oferecem versões menos volumosas, o que facilita o transporte até no bolso da camisa.